Segmento da construção civil é um dos grandes responsáveis pela emissão de gases em todo o globo, mas Brasil ocupa a 5ª colocação entre as nações com mais projetos sustentáveis em desenvolvimento. Saiba mais abaixo.
Construções sustentáveis no Brasil
O US Green Building Council (USGBC), entidade que desenvolveu o sistema Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), colocou o Brasil no 5º lugar entre os países com maior volume de construções sustentáveis.
A certificação internacional LEED, usada em 180 nações, incentiva que obras e edificações foquem em sustentabilidade, considerando questões como eficiência e uso de água, escolha de materiais, de recursos e qualidade ambiental interna (aproveitamento de luz e de vento), entre outros.
No país, os projetos que contam com essa certificação reduzem, em média, 40% o consumo de água, 30% o de energia e emitem 35% menos CO2. Em relação à geração de resíduos, a queda é de 65% no acúmulo de materiais.
“O Brasil está em um crescente neste aspecto há muitos anos. Até os materiais de construção estão em constante evolução, inclusive com a possibilidade de obter selos verdes”, afirma Fabio Giamundo, diretor de Engenharia da Construtora Laguna.
Preocupações ambientais na construção civil
Apesar desses avanços, há muito a ser feito em prol da chamada construção verde. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a infraestrutura construída – de edifícios a usinas de energia – responde por 70% das emissões de gases.
Em um estudo divulgado no fim do ano passado, o setor de construção civil atingiu o seu recorde de emissões em 2019.
“O aumento das emissões no setor da construção civil enfatiza a necessidade urgente de uma estratégia tripla para reduzir agressivamente a demanda de energia no ambiente construído, descarbonizar o setor energético e implementar estratégias de materiais que reduzam as emissões de carbono do ciclo de vida”, disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.
O papel do consumidor diante das construções verdes
Se já existe um movimento de empresas dispostas a oferecer modelos de construção verde, o consumidor também pode tomar esse cuidado ao comprar um imóvel ou mesmo realizar uma reforma em sua casa.
O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) – que mede a atividade econômica de segmentos – dos materiais de construção avançou 37,5% entre março e outubro do ano passado, o que indicou o aumento das reformas realizadas em imóveis próprios ao longo da pandemia.
No momento de comprar um imóvel, o consumidor pode questionar a construtora sobre as práticas sustentáveis usadas na obra. “A Construtora Laguna compra madeira com o selo FSC (sistema de reflorestamento do fornecedor). Além disso, os projetos visam dar mais abertura em vãos, visando a iluminação natural; ventilação cruzada, com ambiente mais arejado; vidros com desempenho térmico, entre outras vantagens”, diz.
Esses cuidados resultam em casas que necessitam de menos energia, consomem menos água e estão mais adequadas às temperaturas extremas, seja do inverno ou do verão. “Uma construtora tem uma facilidade muito maior: ao viabilizar o produto, já contamos com uma consultoria para simular o consumo energético de cada ambiente, o tipo de parede, a espessura de vidro, as ventilações, entre outros. O mesmo cuidado pode ser tomado nas reformas”, avalia Giamundo.
Os cuidados durante a obra
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em seu panorama sobre o lixo no ano passado, os resíduos de construção e demolição recolhidos aumentaram de 33 milhões de toneladas em 2010 para 44,5 milhões em 2019.
Boa parte desses materiais pode ser reaproveitado, se houver uma separação adequada no canteiro de obras. “Não é possível misturar resto de argamassa com gesso”, ensina Giamundo.
Além disso, parte do setor têm contato direto com as indústrias, facilitando a aplicação de uma política de logística reversa. Em muitos canteiros, as próprias fábricas vão até o local para fazer a retirada desse tipo de material, o que facilita o seu reaproveitamento total.
Dicas na hora de comprar ou fazer reformas em casas
- Conheça certificações de construção – Ao comprar um imóvel, procure avaliar se a construtora oferece certificações como a LEED ou a Well Building Standard. Esta última visa garantir não só ambientes sustentáveis, mas que também promovam o bem-estar para quem vai habitar, como o conforto térmico.
- Aproveite os recursos naturais – Ao fazer o planejamento de sua reforma, avalie os recursos disponíveis, especialmente o uso do sol e as ventilações cruzadas. Esses cuidados vão diminuir a necessidade de iluminação artificial ou de ar-condicionado no futuro.
- Aposte em painéis solares – Os materiais para a construção de sistemas de captação e geração de energia solar estão cada vez mais acessíveis. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), o custo para implantar estes equipamentos caiu 85% nos últimos dez anos. De acordo com Giamundo, os sistemas solares costumam se pagar em cinco anos.
- Escolha materiais certificados ou reciclados – Ao comprar materiais, a dica é para, além de observar as certificações do Inmetro, buscar materiais com selos verdes ou que tenham sido reciclados. Há cada vez mais opções acessíveis no mercado.
- Opte por equipamentos mais eficientes – Ao mobiliar os espaços reformados, atente-se aos equipamentos que serão adquiridos. Observe o Selo Procel, que indica os índices de consumo e de desempenho energético de cada um deles. No médio ou longo prazo, eventuais diferenças de preço serão dirimidas.
- Analise o desempenho térmico dos vidros – Alguns desses materiais conseguem impedir a troca de calor entre o ambiente externo e interno, oferecendo mais conforto ao morador (seja no calor ou frio).
- Invista em centrais de captação de água de chuva – Este recurso pode ser usado para a limpeza da casa, rega do jardim, entre outras finalidades.
- Procure tintas sem solventes – Leia os rótulos e procure as tintas sem solventes. Aos poucos, elas soltam partículas no ar. Confira outros materiais do projeto Você Mais Sustentável.
Créditos: Gazeta do Povo