Na construção civil, processos acelerados, estruturas pré-fabricadas e máquinas miram na execução mais rápida de projetos, mas geram consequências para a esfera socioambiental. Em contrapartida, a chamada arquitetura slow propõe um retorno a estilos de vida mais naturais, que consideram o ser humano, o meio ambiente e aspectos regionais. Saiba mais abaixo!
Origens da arquitetura slow
Em grandes cidades, o desenvolvimento urbano acompanha uma rotina acelerada, movida pela praticidade e pelo consumo exacerbado. Na contramão, os movimentos slow propõem, desde a década de 80, uma vida pautada no bem-estar e na qualidade de vida. Essa ideologia começou com o slow food, que na Europa vem defendendo hábitos alimentares mais saudáveis e o apreço à comida não processada, aos produtores e ao meio ambiente. Com o passar do tempo, a proposta slow se difundiu por diversos segmentos, incluindo a arquitetura.
No universo construtivo, o estilo de vida lento propõe a reconexão com o presente e cuidados com o futuro. A arquitetura slow surgiu para representar espaços construídos gradualmente com o tempo e com respeito ao seu contexto, visando estruturas duradouras e em harmonia com a natureza.
Essa abordagem faz com que os envolvidos no projeto arquitetônico pensem a construção em longo prazo, considerando desde o projeto até o fim do ciclo de vida do edifício. Para isso, inclui no processo construtivo os produtores, os ocupantes e a comunidade, como um todo. A arquitetura slow fomenta construções responsáveis com seu meio e com o ambiente, sempre considerando as necessidades dos usuários e do ecossistema que envolve o projeto.
Além disso, a arquitetura slow incentiva o uso de materiais regionais, estruturas duráveis, práticas sustentáveis e técnicas construtivas que se conectam com a história, a cultura e a comunidade. Desta forma, também promove senso de regionalidade, resultando em construções mais autênticas.
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Pilares e práticas da arquitetura slow
A arquitetura slow não defende necessariamente construir de forma lenta. Ela preza por processos fluidos que consideram a sustentabilidade, a regionalidade e a durabilidade das construções.
- Materiais e estruturas: os projetos da arquitetura slow tendem ao reaproveitamento de materiais e a técnicas como o reúso adaptativo. Para evitar descartes em massa e valorizar culturas regionais, a arquitetura slow adere a materiais artesanais e a matérias-primas locais para a execução dos projetos. Em longo prazo, isso resulta em menor impacto ambiental, redução de custos e fortalecimento da economia local.
- Compromisso sustentável: na arquitetura slow, a sustentabilidade atende ao tempo de execução do projeto de forma a sanar as demandas do presente, sem comprometer as gerações futuras. Na prática, isso se reflete em construções integradas à paisagem, que respeitam o entorno e consideram a comunidade ao redor.
Além disso, sua interação com a natureza incentiva uma maior conexão entre pessoas e meio ambiente e uma relação harmônica entre espaços naturais e construídos.
- Foco na comunidade: nessa linha arquitetônica, os projetos são desenvolvidos de forma gradual, levando em conta as demandas da comunidade. As construções podem integrar técnicas arquitetônicas regionais (típicas da arquitetura vernacular), que incorporam aos edifícios elementos típicos da cultura local.
Essas construções priorizam trabalhos artesanais, mão de obra local e o aprofundamento sobre o contexto geográfico e cultural da região. Com isso, tem-se uma arquitetura atemporal, duradoura e socialmente relevante.
Referências da arquitetura slow
Uma referência atual da arquitetura que aplica o conceito slow é o premiado estúdio Kogaa, sediado na República Tcheca. Os projetos do escritório carregam um forte propósito sustentável e têm como principal característica o reúso adaptativo, atrelado a uma abordagem holística. Em comparação aos processos construtivos convencionais, um diferencial do Kogaa é o envolvimento da comunidade, que pode inclusive influenciar no desenvolvimento dos projetos.
No Brasil, o escritório de arquitetura e engenharia LOPO abraça o movimento slow por meio da permacultura e da bioconstrução. Entre os destaques do LOPO estão projetos desenvolvidos com terra seca, sistemas de agricultura regenerativa e materiais sustentáveis, como o bambu.
Em Curitiba, a Laguna, construtora com mais projetos sustentáveis do Sul do Brasil, também contempla princípios da arquitetura slow. Entre eles estão o uso de materiais regionais, a integração da natureza aos projetos e o uso de práticas sustentáveis atestadas por certificações renomadas, como o selo LEED e o Green Building Council (GBC). Alguns exemplos são o reúso da água da chuva, a geração de energia renovável e o uso de esquadrias e vidros de alto desempenho, para garantir autossuficiência energética, entre outros.
Com importantes pilares para o desenvolvimento socioambiental, a arquitetura slow impulsiona a criação de projetos que beneficiam as gerações futuras e o meio ambiente como um todo. Na capital paranaense, a Galeria Laguna é um espaço inconfundível para conhecer imóveis-arte da construtora, que integram práticas sustentáveis e diferenciais voltados ao bem-estar.
A arquitetura do edifício, eleito o mais sustentável do mundo pelo USGBC, mescla traços biofílicos e minimalistas a tendências de conforto e alto desempenho. Localizada na Av. do Batel, 1713, a Galeria Laguna recebe clientes e visitantes de segunda a sábado, das 9h às 20h, e aos domingos, das 10h às 17h.
Fonte: ArchDaily e Archtrends
