Depois das tendências de Slow Fashion e Slow Food, o consumo consciente chega à indústria moveleira. O movimento Slow Furniture defende a criação e a aquisição de móveis sustentáveis, com melhor qualidade e longa durabilidade. Saiba mais abaixo.
A ascensão dos movimentos “slow”
No fim dos anos 80, na Itália, surgiu o primeiro movimento “slow”, no segmento alimentício, em oposição ao fast-food e em benefício da qualidade das refeições. Respeitando o ritmo das estações, o Slow Food busca agregar valor aos momentos de confraternização, à saúde nutricional, aos produtores locais e à preservação do meio ambiente.
Com uma proposta semelhante, o Slow Fashion surgiu no início dos anos 2000 para rever os meios de produção e consumo de roupas, a partir da união entre moda e sustentabilidade. As práticas de consumo consciente vão desde a transparência na origem de cada produto até o reaproveitamento de tecidos para a criação de novas peças.
Movimentos como esses demonstram uma mudança de mentalidade no público consumidor: da fabricação em massa, que por vezes deixa em segundo plano a qualidade e os impactos ambientais, para modelos de negócios sustentáveis, duráveis e inteligentes. É nesse cenário que ganha força o Slow Furniture.
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Conceito de Slow Furniture
A convencional indústria moveleira das últimas décadas consagrou em todo o mundo uma cultura de produção com matéria-prima de valor baixo, durabilidade relativa e materiais descartáveis (em sua maioria), nem sempre sendo viável em termos ecológicos.
Em oposição, o movimento Slow Furniture fomenta uma nova visão de consumo e produção: móveis com alta durabilidade, funcionalidade e matérias-primas reutilizáveis, como o bambu e a madeira, por exemplo. Muitos deles são, inclusive, produzidos sob encomenda e com tiragens limitadas, na contramão da produção em massa e do descarte.
Princípios do Slow Furniture
Na missão de criar móveis por meio de processos com menor exploração de recursos industriais, econômicos e naturais, esse movimento agrega maior valor aos produtos artesanais, às práticas sustentáveis e ao uso de matérias-primas regionais. Os principais fundamentos do Slow Furniture são:
- Foco no valor agregado ao produto e não ao baixo custo
- Incentivo a microempreendedores
- Fortalecimento do consumo local
- Maior valor agregado às experiências
- Ferramentas digitais e mídias sociais como fatores influentes na decisão de compra dos consumidores
Outros fundamentos do Slow Furniture, na busca por transformar a cultura de consumo, são:
- Respeito à diversidade individual, local, cultural e ambiental
- Uso responsável de recursos materiais
- Bem-estar pessoal, ambiental e comunitário
- Atendimento humanizado, pessoal e personalizado
- Valorização do desenvolvimento sustentável e durável
- Respeito aos ritmos sociais, naturais e pessoais
- Valorização da qualidade em detrimento da quantidade
Benefícios do movimento
Como reflexos das práticas do Slow Furniture podemos listar o combate à produção em massa, o uso de recursos sustentáveis, peças mais duráveis, robustas e que não desvalorizam, melhor experiência de compra e cadeia produtiva de maior valor.
Alguns hábitos alinhados com o movimento e com um estilo de vida mais leve e consciente são aquisições seletivas e sem excessos (em contrapartida ao consumo em massa), doação de móveis pouco usados e o consumo de marcas com boas práticas, como reúso de materiais e descarte responsável, que respeitam o tempo de fabricação das peças.
A aquisição de móveis com materiais sustentáveis ou certificados por selos ambientais é outra garantia de que as peças apresentarão boa durabilidade e foram produzidas respeitando os processos naturais.
O FSC Brasil (Forest Stewardship Council) é um dos selos sustentáveis que certifica móveis de madeira. Ele não só avalia princípios de manuseio na extração, como também rastreia a madeira em todas as fases do processo produtivo, garantindo a procedência do material.
Dados da Agência de Proteção Ambiental (EPA) estimam que 9 milhões de toneladas de móveis são descartadas anualmente, incluindo peças produzidas há poucos anos. Desta forma, aderir ao movimento Slow Forniture e adquirir móveis duráveis, que seguem a lógica circular de produção ou que são reciclados, é também uma maneira de contribuir com a redução da geração de lixo e da pegada de CO².
Tendências como essa incentivam a busca por produtos de melhor qualidade e ajudam a desacelerar o rápido ciclo de aquisição e descarte. Para contribuir com a diminuição de resíduos gerados e atenuar os impactos ambientais, a Construtora Laguna se uniu ao projeto Composta+, serviço de coleta e compostagem de resíduos orgânicos que promove a educação ambiental e a destinação correta do lixo em Curitiba.
Graças à iniciativa, nos últimos 3 meses o escritório da Laguna totalizou quase meia tonelada de resíduos compostados, poupou 40 sacolas plásticas e deixou de emitir 172 m³ de gás metano. Na projeção e execução de seus imóveis-arte, a construtora contribui com a preservação de recursos naturais, exerce uma política adequada de geração e destinação de resíduos e prioriza o uso de materiais regionais e recicláveis.
Fonte: Bellarte, Elle e Apartment Therapy