Em diversos setores, um leque cada vez mais amplo de negócios tem sido estimulado pelo público sênior. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025 o Brasil se tornará o 6º país com maior número de idosos do mundo, totalizando 32 milhões de pessoas. Tal estimativa exerce influência inclusive no mercado imobiliário, que adapta conceitos e visões em projetos arquitetônicos para proporcionar experiências melhores e mais qualidade de vida ao público sênior. Saiba mais abaixo.
Compreensão do público sênior
Na definição oficial, os novos idosos são os indivíduos com idade acima de 60 anos. Para atender às suas demandas, é necessário romper estereótipos e conceitos ultrapassados, a fim de compreender quais as necessidades e os desejos desse público.
Mesmo se tratando de um grupo diversificado, com diferentes idades, origens e histórias de vida, ele possui duas importantes demandas em comum: o desejo por independência financeira e o desejo por autonomia cognitiva e física. Diante disso, a arquitetura voltada ao público sênior deve atentar-se a essas demandas e à criação de espaços que proporcionem estímulos e acolhimento aos novos idosos.
Configuração dos imóveis
Funcionalidade e mobilidade estão entre os principais aspectos a serem considerados nos imóveis voltados ao público sênior, conforme aponta a consultoria em negócios imobiliários Urban Systems.
Esses elementos podem ser incorporados por meio de recursos como: corredores mais largos e portas com vãos maiores para ampliar o espaço de circulação e facilitar a passagem de cadeirantes; barras de apoio; superfícies de pisos planos; revestimentos antiderrapantes; e tomadas em alturas acessíveis para evitar movimentos que demandem esforços.
Quanto à composição dos interiores, as decorações clean e minimalista podem representar alternativas mais viáveis, visto que incorporam apenas o essencial, dispensando excessos que tendem a obstruir passagens e dificultar a circulação pelos ambientes.
Funcionalidade e design
É necessário recorrer, em relação à infraestrutura dos imóveis, a formas sutis e funcionais de auxiliar o público sênior em suas residências. Nesse ponto surge a união entre design e funcionalidade.
Um exemplo que ilustra bem essa combinação é a barra de apoio que está sendo desenvolvida pela Deca em parceria com a TUAI, consultoria especializada em residências para idosos.
Com uma estética contemporânea, ao mesmo tempo em que proporciona apoio e assistência aos moradores, ela exerce a função de porta-objetos no box do chuveiro. Dessa forma, pode-se incorporar soluções que, em vez de remeterem à ideia de fragilidade, agregam praticidade e design ao dia a dia dos moradores sênior.
Áreas comuns
Nos imóveis voltados ao público sênior, as áreas de lazer demandam dois focos principais: a integração social dos moradores e o incentivo à mobilidade e a uma vida ativa. Por exemplo, espaços multiúso com estrutura para práticas como yoga, hidroginástica, massoterapia e atividades culturais – como pintura, música, cinema ou literatura – são fundamentais para estimular os ocupantes a manterem o corpo e a mente saudáveis.
Da mesma forma, a inserção de áreas de lazer que incentivam o convívio e as interações sociais é fundamental para proporcionar uma rotina saudável e equilibrada para o público sênior. Isso porque cultivar laços afetivos e bons momentos de convívio eleva o bom humor no dia a dia e os níveis de endorfina no corpo – hormônio do bem-estar, responsável por sensações como amor, satisfação e felicidade.
Segurança e infraestrutura
No mercado imobiliário contemporâneo, residir com harmonia e proteção é um dos principais critérios para viver com qualidade de vida. Nesses imóveis, a segurança reflete-se nos mínimos detalhes, como em: rampas de acesso; disposição otimizada dos móveis; iluminação funcional e de segurança para evitar acidentes e elevar a visibilidade dos espaços; e limpeza e manutenção em dia nas áreas comuns.
Além desses recursos, é igualmente importante que os imóveis proporcionem, com projeção exclusiva para o público sênior, soluções ágeis e de prevenção para a saúde dos moradores, como: inserir farmácias no hall de entrada ou ter proximidade a serviços de saúde; contar com equipes de funcionários preparados e habilitados para auxiliar, interagir e amparar – com atenção e sensibilidade – os moradores durante suas rotinas; e realizar monitoramento através de câmeras de segurança.
Quanto à localização desses imóveis, a região na qual eles estão ou serão inseridos exerce forte influência no dia a dia do público sênior. O ideal é que serviços básicos e essenciais estejam próximos e à disposição dos moradores, a fim de proporcionar acessibilidade e facilidade de locomoção na rotina.
Tecnologia residencial para o público sênior
Criar ambientes residenciais para os novos idosos requer descartar estereótipos ultrapassados, como a ideia de que este público não possui habilidade no uso da tecnologia. Pelo contrário, indivíduos acima dos 60 anos ingressam cada vez mais no universo digital. Um levantamento realizado pela Kantar IBOPE Media, empresa do mercado de inteligência, identificou que, em 2020:
- 85% dos novos idosos (pessoas acima de 60 anos) utilizaram a internet para se informar antes de realizar uma compra;
- 75% deles realizaram transações online;
- 92% dos idosos com acesso à internet intensificaram o consumo de plataformas gratuitas de vídeo, como o YouTube; e
- 89% aumentaram o uso de serviços pagos de streaming, como o Netflix.
Os dados acima demonstram como os idosos estão cada vez mais conectados e inseridos na tecnologia. Portanto, nos imóveis voltados ao público sênior, é importante considerar a inserção de recursos tecnológicos que possam simplificar as tarefas do dia a dia e otimizar as experiências nos ambientes residenciais, como: sensores de movimento para acionar e desligar luzes; sistemas de automação residencial para comando de voz, como em cortinas (o que auxilia na qualidade do ciclo do sono); e sensores de fumaça na cozinha.
Vida em comunidade
O conceito senior living engloba, entre outros fatores, o senso de comunidade – extremamente importante para esse público, que valoriza o constante convívio social entre os moradores.
No Brasil, num cenário em que asilos e casas de repouso são as soluções mais comuns para abrigar o público sênior, o ideal é inovar por meio da criação de empreendimentos voltados às reais demandas e necessidades da nova geração de idosos.
Alternativas válidas são espaços que unem bem-estar, comunidade, saúde e tecnologia, com diversas áreas de convivência para uma vida plena em coletivo. Com ambientes para momentos de pausa e lazer, as áreas de uso comum devem ser um convite para que os moradores compartilhem o melhor da rotina, em espaços que acolham e estimulem a interação.
Independentemente das tecnologias e demais recursos que forem inseridos nesses residenciais, o fator essencial é compreender, de antemão, as necessidades e vontades desse público e dos seus recortes.