O surgimento de novas tendências no mercado alimentício tem sido possibilitado pelos novos hábitos de consumo impulsionados pela pandemia e pela tecnologia. Nesse contexto, estão emergindo as foodtechs – empresas que empregam soluções tecnológicas para inovar o setor de alimentos.
Uma pesquisa divulgada pela Builders, empresa de consultoria de gerenciamento, demonstra como a inovação tem impactado os hábitos alimentares dos brasileiros: no período de um ano, entre 2018 e 2019, houve um salto de 53 para 332 foodtechs criadas no País. Confira como atuam essas startups e por que elas estão revolucionando o segmento.
A chegada das foodtechs no mercado alimentício
No setor alimentício, a tecnologia tem criado um padrão de consumo que une economia de tempo, inovação e alimentação saudável. Uma pesquisa da empresa americana ADM, líder global em nutrição, revelou que, em 2020, 50% dos consumidores demonstraram preferência por alimentos e bebidas saudáveis.
Entre os entrevistados pelo estudo, 31% afirmaram que consomem produtos sustentáveis e customizados, privilegiando a redução de danos ambientais e o fortalecimento do sistema imunológico. Mas apenas 17% dos consumidores consideram seguras as comidas entregues via aplicativo.
É nesse cenário que as foodtechs vem ganhando força, com foco na produção de alimentos saudáveis e 100% naturais – principalmente aqueles à base de plantas. A tecnologia desse setor é capaz de otimizar, de forma sustentável e escalável, todos os processos que o mercado alimentício compreende. Desde a cadeia de produção e distribuição e do plantio e desenvolvimento de alimentos até a logística, a venda e o consumo.
No setor de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos, por exemplo, a tecnologia possibilita criar alimentos de maior qualidade, com o mesmo teor nutritivo, frescor e sabor que os convencionais.
Principais focos do setor
A maior missão das foodtechs é identificar as dores do mercado alimentício local e global e encontrar soluções acessíveis, ágeis e, preferencialmente, escaláveis para os problemas.
Além disso, alguns dos principais objetivos das foodtechs são a democratização do acesso aos alimentos – diante da alta quantidade de pessoas que sofrem de desnutrição no mundo – e a garantia da segurança alimentar (alimentação regular, permanente, suficiente e de qualidade).
Entre os demais propósitos desse setor estão a otimização de serviços de entrega, a redução do desperdício nos processos de produção alimentícia e o acesso à interação com o consumidor final.
Exemplos de foodtechs
Atualmente existem diversas foodtechs que revolucionam os meios de criar, consumir e pedir alimentos. Alguns exemplos são:
- Fazenda Futuro: startup brasileira que desenvolve hambúrgueres à base de plantas, com a mesma textura e aparência dos convencionais, aliando alimentação saudável, preservação do planeta e selo cruelty free (livre de crueldade). A proposta de foodtechs como essa é disponibilizar alternativas sustentáveis a produtos de origem animal.
- Supermercado Now: voltada para o segmento de aplicativos de delivery e de comidas saudáveis, essa startup brasileira conecta os mais de 200 mil usuários da plataforma a mercados selecionados e facilita as compras mensais oferecendo serviço de delivery realizado por shoppers – profissionais especializados em fazer compras para apps.
- Cultivo indoor: a produção indoor incorpora tecnologia para cultivar hortaliças, frutas e legumes em tempo recorde, por meio de Inteligência Artificial (IA), estufas verticais e luzes artificiais especialmente projetadas. Mais rápido e seguro, esse tipo de produção ainda possibilita o uso de uma menor quantidade de aditivos químicos e favorece uma maior concentração de nutrientes biodisponíveis. No Brasil, empresas como a Plantário atuam na oferta de equipamentos para cultivo indoor.
- Produção 3D e personalizada: trazendo ainda mais inovação ao mercado alimentício, empresas como a americana Habit e a israelense Nutrino têm fabricado alimentos personalizados por meio de impressoras 3D e Inteligência Artificial. Através de recursos como exames de DNA e de sangue e do cruzamento de dados, essas foodtechs produzem alimentos que suprem as necessidades nutricionais dos consumidores da melhor forma e com base no estilo de vida de cada um.
Diante dessas soluções, é possível concluir que, nos próximos anos, a tecnologia tende a revolucionar o mercado alimentício e as formas de consumir e de alimentar-se.