O metaverso permite a união de tecnologias que revolucionam o modo de viver, trabalhar e se comunicar. A saúde é uma das áreas transformadas pelos avanços dessa nova camada de interação entre os universos físico e digital. A seguir, saiba mais sobre o metaverso na medicina e suas aplicações.
A chegada do metaverso na área da saúde
O metaverso tem aberto novas fronteiras para a área da saúde. A pesquisa “Metaverse Hype”, do instituto Gartner, apontou que 30% da população irá experimentar o metaverso até 2026. No setor médico, são diversas as especialidades impactadas com as novas tecnologias.
Em um levantamento da multinacional Accenture, mais de 80% dos executivos da área da saúde participantes comprovaram o aumento significativo do uso de dispositivos interconectados nos últimos três anos. O metaverso, aliado à internet das coisas (IoT), oferece à medicina soluções inovadoras, como aprendizagem remota para equipes cirúrgicas, simulações virtuais para a discussão de casos e navegação compartilhada em órgãos 3D.
Outras possibilidades são o uso de avatares ou gêmeos digitais para consultas médicas personalizadas, monitoramento remoto de pacientes e uso da interconectividade de dados para realizar tratamentos e diagnósticos.
Os limites do metaverso na medicina ainda estão sendo explorados, mas o leque de possibilidades é amplo. A expectativa é de que as novas tecnologias inovem o tratamento de doenças, aprimorem o gerenciamento de dados e melhorem a interação entre médico e paciente, moldando o futuro da medicina.
Práticas do metaverso na medicina
Casos clínicos em alta definição
Entre as soluções que ilustram as possibilidades do metaverso na medicina está o fruto de uma parceria entre a PUC-Rio e a rede de saúde Dasa. Trata-se do BioDesign, um laboratório virtual que permite a especialistas de qualquer parte do mundo criar modelos virtuais realistas e em alta definição de partes do corpo. Estas são utilizadas para apresentar casos clínicos e planejamentos cirúrgicos, bem como para auxiliar médicos em estudos e diagnósticos precisos.
O laboratório também permite a projeção de órgãos no paciente real via realidade aumentada (RA); simulações cirúrgicas por meio de realidade virtual (RV) e mista; manipulação interativa de exames entre fatias de dados 3D; e a presença virtual de pacientes.
Metaverso no âmbito acadêmico
O metaverso na medicina também tende a revolucionar a experiência dos estudantes. Isso porque as tecnologias desse universo misto prometem experiências inovadoras de treinamento, simulação e interação.
Um exemplo é a MedRoom, uma premiada edtech (“tecnologia de educação”) brasileira que promove soluções e experiências no universo da saúde via realidade virtual. Assim, a MedRoom permite o ensino efetivo e a distância do corpo humano, substituindo a prática em corpos reais.
Nesse laboratório digital, é possível navegar por toda a anatomia humana e aprender sobre os ossos, músculos e órgãos, em uma verdadeira imersão que une realidade virtual e gamificação.
Realidade virtual para recuperação física
Na medicina convencional, a recuperação física costuma ser conduzida por medicamentos que aliviam as dores e o desconforto dos pacientes. Porém, estratégias imersivas do metaverso têm tido sucesso ao estimular o córtex visual e outros sentidos visando distrair o paciente de suas dores.
É o que mostra um estudo recente divulgado pela revista PLOS ONE. Uma comparação entre pacientes submetidos ou não à realidade virtual indicou que o primeiro grupo teve a dor reduzida significativamente. A conclusão é de que a distração proporcionada pela RV limitou o processamento de estímulos nociceptivos, responsáveis pela dor.
A estratégia foi tão efetiva que, em 2021, a Food and Drug Administration (FDA) autorizou, nos Estados Unidos, a comercialização de um sistema de realidade imersiva chamado EaseVRx, sob prescrição médica. O objetivo é utilizar a solução para fins como terapia cognitivo-comportamental, de forma a reduzir dores de pacientes com 18 anos ou mais diagnosticados com dor lombar crônica. Em um contexto semelhante, um artigo publicado por pesquisadores da Universidade de British Columbia listou 29 jogos de saúde que utilizam a RV para casos de reabilitação motora, dores e exercícios físicos.
Além dessas práticas, o metaverso poderá possibilitar visitas médicas via avatar (substituindo a telemedicina), experiências imersivas para humanizar o tratamento de doenças degenerativas e o uso de realidade aumentada em tempo real para aprimorar a visualização em procedimentos cirúrgicos complexos. Assim, com um conjunto amplo de tecnologias, o metaverso na medicina deve, cada vez mais, revolucionar o setor.
Fonte: Future Health, Saúde Abril, Medicina SA e Mittech Review