A biomimética trata-se de uma área da ciência que estuda a natureza visando reproduzir princípios estratégicos e criativos inspirados no meio ambiente.
Sua proposta é utilizar a natureza como exemplo a ser consultado, não domesticado, reforçando o compromisso com a sustentabilidade. Ela tem sido usada como base em vários segmentos — na química, medicina, biologia, arquitetura, agricultura, entre outros. Essa ciência surgiu para que o ser humano possa criar soluções funcionais que ao mesmo tempo sejam sustentáveis e agradáveis esteticamente.
Com o auxílio da biomimética pode-se criar novos materiais, gerar energia limpa e conceber recursos e instrumentos com o objetivo de mudar nossa visão de mundo no futuro.
Quando falamos sobre arquitetura do futuro, um ótimo exemplo que envolve a biomimética é a substituição do ar-condicionado por uma rede de câmaras e passagens similar à utilizada pelos cupins para resfriar suas moradias. O edifício Eastgate Center, localizado no Zimbábue, foi criado pelo arquiteto Mick Pearce e utiliza essa técnica para manter uma temperatura sustentável e sempre agradável para seus visitantes.
Diversos profissionais utilizam a biomimética para basear-se em padrões matemáticos, geométricos, funcionais, construtivos e estéticos dos sistemas vivos observados em nosso entorno. Dessa forma, surgem produtos que são resultado de processos sustentáveis, usam energia sustentável e integram funcionalidades.
Apesar dos avanços voltados para a sustentabilidade, a indústria e o setor da construção civil ainda geram muitos resíduos. A preservação do meio ambiente influencia diretamente nosso futuro e a gestão das empresas. Dessa forma, a biomimética surge como uma corrente de pensamento que replica os processos da natureza, garantindo o progresso de nossas cidades e respeitando o espaço natural em nossa volta.
No Brasil, há cursos de imersão em biomimética realizados na Amazônia e no Cerrado, os quais são direcionados a inovação de materiais. Além disso, verifica-se o surgimento de consultores e startups que utilizam a biomimética como base.
Em 2018 a Nucleario, com sua tecnologia para proteção de árvores em projetos de reflorestamento, tornou-se a primeira empresa brasileira a vencer o Ray of Hope Prize, prêmio criado pelo The Biomimicry Institute.
Já no Sul da Bahia, em Maraú, está o projeto do Votu Hotel, assinado pela GCP Arquitetura & Urbanismo. O empreendimento, que ainda está sendo projetado, é exemplo de arquitetura biomimética e foi inspirado em estratégias que diferentes espécies utilizam para garantir o conforto térmico de suas dependências.
No segmento de cosméticos, a Natura lançou uma linha de produtos para o cabelo intitulada Lumina. Inspirada em tecnologias utilizadas pelas teias de aranha, a linha foi desenvolvida após a Natura identificar que a proteína presente nesse material conta com um formato similar ao dos fios de cabelo.
Dessa forma, reproduziu em laboratório a tecnologia para regeneração dos fios. A empresa brasileira também utiliza a biomimética em outras áreas de atuação, como na produção sustentável do óleo de palma.
A biomimética não é apenas uma nova forma de olhar e valorizar a natureza. Ela também preserva o que o meio ambiente nos oferece.