Soluções da biotecnologia que transformam a construção civil

Diversas soluções da biotecnologia elevam o desempenho

Na era em que vivemos, a tecnologia e as questões ambientais impactam cada vez mais o mundo. E recursos físicos, digitais e biológicos se fundem em prol de transformações no cenário econômico e sustentável. Nesse contexto, soluções da biotecnologia vêm conquistando espaço em diversos âmbitos. Confira 4 criações voltadas à construção civil.

Soluções da biotecnologia na construção civil

Área tecnológica que utiliza sistemas biológicos, organismos vivos ou derivados para criar ou alterar processos e produtos, a biotecnologia atualmente vem sendo aplicada a segmentos diversos, como a saúde, a indústria, a agricultura e a construção civil.

Consequência da união entre ciência e tecnologia, inúmeras criações podem contribuir para a resolução de questões ambientais e globais decorrentes, em grande parte, das atividades comerciais e industriais. Entre outros objetivos, está o de reduzir impactos ambientais gerados por processos construtivos.

A biotecnologia possibilita o desenvolvimento de soluções mais duráveis, eficientes e resistentes, com melhor custo-benefício. Além de inteligentes e sustentáveis, essas tecnologias têm resultados financeiros e ecológicos fundamentais para o desenvolvimento ambiental do planeta como um todo.

Leia mais sobre o papel da bioeconomia no desenvolvimento socioambiental

Tijolo feito com microrganismos

Uma pesquisa realizada pelo instituto Chatham House divulgou que o cimento é responsável por cerca de 8% das emissões de CO2 no mundo. Diante da crescente demanda por esse recurso construtivo, soluções como os tijolos bioLITH foram criadas para combater impactos climáticos.

Desenvolvido pela empresa americana Biomason, esse material pré-moldado conta com uma das menores pegadas de carbono do mercado. Criado em temperatura ambiente por meio de um subproduto gerado por microrganismos, ele é composto de partículas de areia e matérias-primas recicladas e possui uma consistência semelhante à dos corais.

No processo biológico de produção do tijolo bioLITH, em apenas cinco dias bactérias criam um cimento natural sem o uso de combustíveis fósseis e sem a queima comum na produção de tijolos. Assim, contribui-se para a queda na emissão de gases poluentes.

Criado para superar propriedades físicas e de resistência a absorção, compressão, adesão, congelamento e descongelamento dos revestimentos convencionais, o tijolo bioLITH é adaptável a uso interno e externo, horizontal e vertical.

Ele pode ser incorporado nos métodos convencionais de instalação da construção civil, possui peso inferior à pedra natural e tem resistência adequada para ser utilizado em projetos residenciais.

Isolamento feito de fungos

Outra criação que se destaca entre as soluções da biotecnologia voltadas à construção civil é o Ecovative Mushroom Insulation. Trata-se de um isolamento desenvolvido pela Ecovative, empresa líder em biomateriais, através de resíduos agrícolas como cascas de sementes e caules de plantas misturados a um micélio fúngico.

Visando reduzir o uso de painéis de isolamento, geralmente produzidos com produtos não renováveis e que emitem gases poluentes, esse isolamento fúngico foi criado para ser cultivado na cavidade de paredes ou em moldes.

Em três dias, o micélio desenvolve-se e as partículas soltas são solidificadas, aderindo aos revestimentos ou superfícies em uma espécie de painel altamente resistente.

O resultado é um isolamento estrutural rígido, de alto desempenho, resistente ao fogo, 100% compostável e com a vantagem de ter uma contínua camada de isolamento que não possui pontes térmicas. Em cerca de um mês, os fungos secam naturalmente e passam a um estado de dormência.

Bioconcreto

Solução que propõe conferir maior resistência e benefícios sustentáveis e econômicos aos edifícios, o bioconcreto é um tipo de concreto autorregenerativo produzido por meio de bactérias que, ao entrarem em contato com a água, reagem gerando calcário. Assim, preenchem buracos e rachaduras presentes na estrutura das construções.

Inspirado em bactérias produtoras de calcário presentes na natureza, o bioconcreto pode resistir por décadas em uma construção. Ao surgir uma rachadura no concreto, os bacilos com os quais ele é produzido tendem a se multiplicar e gerar calcário, de modo a vedar a fissura em poucas semanas.

Uma vez selada por completo, não haverá entrada de umidade no concreto, mantendo assim sua resistência e a da construção. Essa característica torna o bioconcreto uma solução ideal para ambientes subterrâneos, onde o nível de umidade é superior.

Concreto de cogumelos

O já citado micélio destaca-se como um recurso cada vez mais utilizado na arquitetura e na construção civil, graças às suas inúmeras possibilidades. Entre elas, estão vantagens térmicas e acústicas, a boa resistência ao fogo e a capacidade de ser moldado para a produção de embalagens, móveis, painéis e tijolos.

O projeto experimental Fungal Refuge, da empresa SUPERPRAXIS, é um biomaterial criado através da mistura entre micélio e resíduos orgânicos. Juntos, eles formam um produto 100% biodegradável e compostável capaz de superar a resistência de materiais como o concreto.

O Fungal Refuge destaca-se por sua grande leveza, sua boa flutuabilidade (graças à porosidade) e suas propriedades termoacústicas. As reações do micélio às variáveis atmosféricas e climáticas podem desencadear mudanças na textura e na cor do concreto, tornando essa solução ainda mais dinâmica.

Desse modo, soluções da biotecnologia como essas reforçam como a união entre natureza e tecnologia pode contribuir para construções mais conscientes, com melhor desempenho e menor impacto ambiental.

Fonte: ArchDaily e Celere

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