O Brasil conta com cerca de 600 mil pessoas cegas e mais de 6 milhões com a visão limitada. Pensando em facilitar a locomoção e a interação de pessoas com deficiência visual em ambientes públicos, a Veever, startup de Curitiba, criou um aplicativo inovador, gratuito e intuitivo que faz uso da tecnologia de microlocalização para mudar vidas.
A ideia é proporcionar mais autonomia, segurança e inclusão social para as pessoas cegas ou com pouca visão. Por meio de dispositivos instalados pela cidade — em lojas, museus e até no transporte público —, o app reconhece a proximidade dos pontos cadastrados e emite comandos de voz que direcionam e informam os usuários.
Tecnologia
Para viabilizar o funcionamento ágil, offline e em tempo real do aplicativo, a empresa utiliza três elementos tecnológicos: smartphones, beacons e computação em nuvem.
Os beacons são pequenos dispositivos de localização que transmitem informações codificadas por meio de Bluetooth. Esses códigos são recebidos pelos smartphones e convertidos em sons, textos e imagens de forma automática, devido à sincronização com o banco de dados dos servidores da Veever.
Aliado a outras funcionalidades disponíveis nos aparelhos, como o giroscópio e o GPS, o aplicativo é capaz de oferecer ao usuário mais assertividade, maior noção de espaço e sentimento de segurança.
E para assegurar um conteúdo dinâmico, flexível e atualizado, a startup disponibiliza ainda uma plataforma que permite a atualização, exclusão e adição de informações pelos responsáveis por meio de gerenciamento dos dados.
Funções
Segundo a companhia, toda a experiência de navegação foi pensada para atender às particularidades de interação das pessoas com deficiência visual. Basta apontar o smartphone para a direção desejada, que a ferramenta informa os pontos de interesse mapeados na região.
Quando instalados em linhas de ônibus, por exemplo, os beacons alimentarão o app com dados que auxiliarão as pessoas a chegarem ao ponto, acompanhar as linhas que estão se aproximando e saber qual é a próxima parada. Além de informações geográficas, o Veever também fornece dados qualitativos, como em museus e galerias de arte, onde as obras podem ser descritas.
Mesmo tendo como foco a inclusão social de deficientes visuais em grandes centros, a empresa defende que a rede de beacons pode trazer impactos muito mais amplos. A intenção é que, futuramente, seja criada uma infraestrutura global de dispositivos que fornecerá informações e direções para qualquer pessoa no mundo.
Modelo de negócio
O Veever já se encontra disponível para download para os sistemas operacionais Android e iOS, porém, sua abrangência depende da adesão de organizações públicas e privadas que se preocupam com acessibilidade e desejam se tornar mais tecnológicas.
O primeiro local a adotar a tecnologia foi o Centro Estadual de Capacitação em Artes Guido Viaro, na capital paranaense, que realizou testes com os alunos do projeto “Ver com as Mãos” durante o mês de junho. A empresa também negocia a instalação em um centro comercial e no transporte público de uma metrópole brasileira.
Para a implantação da solução, há uma taxa inicial de R$ 80 por dispositivo, além de um valor mensal que parte de R$ 40 e varia conforme o número de beacons instalados. Os estabelecimentos interessados devem procurar a Veever em: www.veever.global.
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