As pinturas, desenhos e tapeçarias do arquiteto e paisagista brasileiro Roberto Burle Marx são tema da maior exposição que o Jardim Botânico de Nova York já recebeu durante seus 128 anos de história.
Em funcionamento até 29 de setembro, a mostra “Moderno Brasileiro: A Arte e Vida de Roberto Burle Marx” expõe no mais amplo jardim botânico urbano dos Estados Unidos deslumbrantes composições que reproduzem os projetos do artista.
A proposta é criar a experiência de jardim imersivo, integrando suas obras originais aos espaços criados e explorando as intensas conexões entre sua arte e o comprometimento com a preservação ambiental.
Roberto Burle Marx: maior paisagista brasileiro
O artista viveu de 1909 a 1994 e levou o modernismo para os canteiros do mundo, criando cerca de três mil jardins públicos e privados. Entre suas obras mais renomadas, podemos citar a urbanização do Aterro do Flamengo — no sítio em que morou na Zona Oeste do Rio de Janeiro — e os desenhos que formam a icônica calçada de Copacabana.
Seu trabalho buscava se opor à estética simétrica dos jardins franceses e à utilização de plantas importadas, que eram muito comuns no Brasil em meados dos anos 70. Assim, tornou-se um dedicado defensor da flora brasileira, conhecendo as mais variadas e raras espécies botânicas e valorizando a diversidade local.
O Jardim Botânico de Nova York não foi pioneiro ao homenagear o brasileiro. Em 1943, o MoMa (Museu de Arte Moderna de Nova York) citou o paisagista em sua mostra “Edifícios do Brasil: Nova e Velha Arquitetura, de 1652 a 1942”. Já em 2016, mais de 150 fotos, sketches, maquetes, tapeçarias e joias foram expostas na galeria principal do Jewish Museum.
Exposição “A Arte e Vida de Roberto Burle Marx”
A exposição pode ser encontrada em diferentes partes do NYBG. O Modernist Garden — projetado por Raymond Jungles, arquiteto paisagista de Miami e discípulo de Burle Marx — teve o piso inspirado no calçadão de Copacabana. O Explorer’s Garden recebeu plantas típicas da floresta tropical, enquanto o Water Garden foi contemplado com palmeiras, bromélias e uma parede de samambaias.
O planejamento da mostra durou três anos e previu a utilização de mais de 80 espécies de plantas tropicais. Entre elas, algumas foram trazidas da Flórida e outras diretamente do Brasil, exigindo que ficassem em uma estufa até a chegada da primavera, quando as temperaturas se assemelham às nossas.
Além de explorar a tríade arquitetura-paisagismo-pintura, sempre presente no trabalho de Burle Marx, a exibição conta ainda com apresentações de música e dança típicas do nosso país.
Quem não tiver a oportunidade de visitar o espaço pessoalmente pode se aventurar em um guia interativo online disponibilizado pelo NYBG.