Cairo, atual capital do Egito, é a segunda megacidade do mundo em poluição do ar, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) – atrás apenas de Nova Déli, na Índia. Buscando contribuir para a mudança deste cenário, o arquiteto italiano Stefano Boeri traz para o país um projeto que aplica um conceito característico de seu trabalho: as florestas verticais.
Serão três blocos de sete andares em formato de cubos, com 30 m de altura e 30 m de largura, sendo dois residenciais e um projetado para funcionar como um hotel. A empresa imobiliária MISR Italia Properties é a responsável pelos edifícios, que serão localizados na Nova Capital Administrativa do Egito.
Ainda sem nome, a cidade está sendo construída a aproximadamente 45 km a leste da superpovoada Cairo e abrigará universidades, hotéis, centros de convenções, hospitais e um aeroporto, além dos principais órgãos do governo.
A proposta de transformar apartamentos em verdadeiras florestas verticais é uma marca do escritório Stefano Boeri Architetti, tendo sido aplicada em dezenas de locais pelo mundo, entre elas Paris, Milão e Chicago. Chegando ao continente africano pela primeira vez, as obras estão programadas para acontecer de 2020 a 2022.
Para o arquiteto, este estilo de construção verde atua como uma forma de “sobrevivência ambiental nas cidades contemporâneas”, promovendo a “coexistência da arquitetura e da natureza em áreas urbanas”. O projeto na nova capital egípcia conta com a colaboração da designer local Shimaa Shalash e da paisagista italiana Laura Gatti.
É previsto que cada uma das unidades tenha uma varanda própria e com estética particular, já que serão revestidas por plantas de diversas alturas e com diferentes épocas de floração. Como resultado, busca-se garantir uma beleza natural que se assemelhe a autênticas florestas.
Ao todo, o estúdio estima que cerca de 350 árvores e 14 mil arbustos de mais de 100 espécies irão compor o paisagismo. Para garantir que os jardins carreguem a personalidade local e possam ser apreciados durante o ano inteiro, o clima da região foi fator decisivo na escolha das plantas.
O impacto ambiental gerado pela exuberância botânica será expressivo. A expectativa é que a área verde absorva sete toneladas de dióxido de carbono e produza oito toneladas de oxigênio por ano, excedendo a pegada de carbono dos prédios. Além disso, a vegetação fornecerá sombra natural e irá melhorar a qualidade do ar nos arredores, ajudando a manter uma temperatura mais agradável.
O empreendimento faz parte da iniciativa “Greener Cairo”, que propõe seis estratégias sustentáveis para a conversão ecológica da região, incluindo planos para transformar coberturas em jardins, criar vegetações verticais em fachadas e colocar em prática um sistema de corredores verdes que cruza a cidade. Dessa forma, o objetivo é fazer da metrópole a primeira do norte da África a enfrentar o grande desafio da mudança climática.
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