A forma como habitamos, utilizamos recursos naturais e realizamos a manutenção do espaço será o tema principal das exposições e discussões da 12ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que teve início em 10 de setembro e acontece até 8 de dezembro.
Confira mais informações sobre a edição deste evento que busca promover uma reflexão acerca da influência da arquitetura em nosso cotidiano, estimulando momentos de crítica por parte da sociedade e dos profissionais da área.
Todo dia/ Everyday
O tema “Todo Dia” foi determinado, de maneira inédita, a partir de um concurso internacional realizado pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) no ano passado. Os vencedores foram os brasileiros Vanessa Grossman e Ciro Miguel e a francesa Charlotte Malterre-Barthes, que frequentavam juntos o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH).
A proposta foi criada após uma longa pesquisa do trio nesta área de estudos relativamente nova, ainda que já abordada por grandes nomes como Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha. A ideia é trazer a arquitetura para uma perspectiva da vida cotidiana, legitimando-a e atribuindo significação. Os autores defendem ainda que a temática “dialoga com o contexto internacional, num processo que se propõe inclusivo, interdisciplinar e transgeracional”.
Fernando Rocha Franco, presidente do IAB, explica que “a compreensão das cidades contemporâneas a partir das pessoas, dos seus diferentes cotidianos, histórias, revela um conjunto de singularidades e reincidências, entre elas desigualdades e violências, que imprimem um senso de urgência, demandam ações concretas, em diferentes escalas, para enfrentar o desafio primordial da vida em sociedade: a dimensão civilizatória. Refletir sobre isso é a missão desta edição da Bienal”.
Exposições da Bienal de Arquitetura de São Paulo de 2019
Neste ano, o evento estará concentrado em dois locais de grande circulação na capital paulista, chamados de “edifícios-manifesto”, o Sesc 24 de Maio e o Centro Cultural São Paulo.
No Sesc, a exposição Todo Dia acontece até 29 de setembro e foge dos moldes tradicionais. Chamadas de “dispositivos”, as obras estão espalhadas em ambientes banais do prédio, como o banheiro, a piscina e escadas de incêndio, e procuram ativar percepções sobre os usos do prédio e suas relações com o entorno. Dessa forma, as peças impactarão além do público arquitetônico, envolvendo todos que frequentarem o local.
Já no CCSP, a mostra “Arquiteturas do Cotidiano” será composta por 74 trabalhos — desde imagens de projetos até diversos vídeos — de 26 países e está aberta ao público até 8 de dezembro. Ambos os edifícios também receberão palestras, debates e workshops, mostrando a importância da Bienal no âmbito crítico.
Eixos temáticos
A 12ª BIA foi estruturada em torno de três eixos temáticos: “Relatos do cotidiano”, “Materiais do dia a dia” e “Manutenções diárias”. O primeiro analisa as variadas maneiras com que arquitetos, designers e urbanistas reinterpretam o cotidiano em seu trabalho, fazendo uso tanto de uma abordagem poética quanto crítica, tratando de questões como violência, desigualdade e exclusão social.
O segundo é relacionado com sustentabilidade, discutindo os fatores que interferem na escolha de materiais, sua aplicação e o caminho que ele percorre até chegar nas construções. Pedro Vada, diretor do IAB-SP, afirma que “hoje nós temos muitos arquitetos questionando o uso de materiais caros, sob o ponto de vista econômico, mas também ambiental. Vemos cada vez mais arquiteturas incríveis feitas a partir de materiais considerados ordinários”.
Já o último eixo explora a manutenção da cidade no âmbito público e privado, temática que tem atraído a atenção, porém ainda não é devidamente incorporada à produção arquitetônica.