A vida corporativa poderá mudar após a pandemia do novo coronavírus. Os escritórios deverão ser mais seguros do ponto de vista sanitário e haverá uma forte expansão do trabalho remoto. Essas são algumas das tendências que serão fortalecidas após a crise.
Segundo Miguel Cañas Martins, sócio-diretor da Metroquadrado Arquitetura, grupo de Joinville (SC) focado na criação de soluções para áreas da arquitetura, o futuro dos ambientes corporativos passará pela reorganização do layout dos espaços, pela implementação acentuada da tecnologia e pelo estabelecimento de uma nova rotina para os funcionários.
A Robert Half, empresa global de recursos humanos, realizou uma pesquisa que revelou que 86% dos profissionais entrevistados desejam trabalhar em casa mais vezes após o fim do isolamento social. Ainda segundo a pesquisa, que ouviu mais de 800 pessoas, 67% dos entrevistados notaram que é possível executar em casa as tarefas do trabalho; 49% consideram que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal melhorou sem o deslocamento até o trabalho; e 25% estão mais confortáveis com o uso da tecnologia.
Outro aspecto previsto, de modo geral, é que a capacidade máxima de pessoas nos ambientes também será reduzida. Entretanto, isso não necessariamente significará a exigência de escritórios mais amplos, já que, ao mesmo tempo, o número de pessoas que trabalham em casa aumentará. Isso porque, cada vez mais, as empresas darão aos seus funcionários a escolha e o controle de como e onde trabalhar.
Não será o fim da sede física das empresas, mas haverá uma alteração na sua função e uma mudança brusca no modelo de escritório tal como conhecemos hoje. De acordo com a arquiteta da Sharise Arquitetura de Curitiba, Sharise Gulin, a área social, por exemplo, se tornará o centro vibrante da vida corporativa, pois é o lugar onde os colaboradores sentem a energia e o propósito da empresa, onde conseguem socializar, trabalhar e fazer networking. Como uma parte das equipes trabalhará em casa, os momentos de encontro serão ainda mais valorizados.
Outra mudança que será ainda mais visível no escritório pós-pandemia é a revisão do conceito open space, que há um bom tempo é predominante no ambiente corporativo. A fim de criar núcleos de distanciamento social, plantas, estantes e móveis serão usados como divisórias para separar as bancadas e espaços.
A multinacional Steelcase, por exemplo, desenhou uma linha de estações de trabalho com barreiras e divisórias. Outro recurso adotado foi o uso de plantas, que além de separarem os ambientes, aumentam a sensação de bem-estar, conforto e contribuem com a qualidade do ar.
Estudos feitos pela Vitra, empresa suíça de design, apontam que o uso da tecnologia touchless será mais comum e haverá prioridade para dispositivos que possuam telões para videoconferências, elevadores que possam ser acionados por celulares ou comandos vocais e devem difundir-se ainda mais torneiras com sensores em banheiros compartilhados.