Considerado o Nobel da Arquitetura, o Prêmio Pritzker homenageia anualmente arquitetos que combinam visão, comprometimento e talento em seu trabalho, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da humanidade por meio da arquitetura. O nome consagrado na edição de 2019 foi Arata Isozaki.
Nascido em Ōita, ilha de Kyushu, no Japão, em 1931, Isozaki pratica arquitetura há mais de 60 anos e é considerado um visionário no ramo, devido à ousadia e autenticidade de seus mais de 100 projetos. Ele é o 49º arquiteto do mundo e o oitavo japonês a receber o reconhecimento mais importante da área.
Com trabalho marcado pela interdisciplinaridade, Arata Isozaki atuou em diversas áreas além do desenho urbano, como cenografia e design de moda, mobiliário e gráfico, além de seguir carreira também como escritor, crítico e júri de concursos de arquitetura. Somados a sua bagagem profissional, os eventos mundiais ocorridos durante sua infância também influenciaram sua visão de mundo, refletindo na originalidade das obras arquitetônicas.
Quando Isozaki tinha apenas 14 anos, Hiroshima e Nagasaki foram bombardeadas e sua cidade natal incendiada durante a Segunda Guerra Mundial, fazendo com que ruínas, quartéis e abrigos fossem as únicas coisas que o cercavam. Assim, ele vivenciou a experiência de observar a arquitetura sendo desenvolvida a partir do zero, quando começou a considerar como as pessoas poderiam reconstruir suas casas e cidades.
Formado pela Universidade de Tóquio, ainda jovem, Arata teve a oportunidade de trabalhar com Kenzo Tange, o primeiro arquiteto japonês a receber o Pritzker, em 1987, e fundador do chamado “metabolismo” . O movimento arquitetônico combinou ideias de crescimento orgânico com estruturas futuristas e pode ser identificado nas obras de Isozaki, fazendo com que muitos o considerem um sucessor de Tange. O próprio Kenzo acreditava que Arata era o “imperador da arquitetura japonesa”.
Com a criação de seu escritório, o Arata Isozaki & Associates, em 1963, Isozaki desenvolveu uma identidade própria e, de acordo com o júri do Pritzker, “tornou-se o primeiro arquiteto japonês a forjar uma relação profunda e duradoura entre o Oriente e o Ocidente”. Ainda de acordo com os jurados, o premiado deste ano nunca simplesmente reproduziu o status quo, mas sim o desafiou. Com o propósito de criar uma arquitetura significativa, ele projetou edifícios de grande qualidade que até hoje dispensam categorizações, exprimindo sua contínua evolução.
O reconhecimento internacional teve início na década de 70, com o Festival Plaza, na EXPO70, a primeira exposição mundial que aconteceu no Japão. Outras obras prestigiadas são o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, o Estádio Olímpico de Barcelona, o Krakow Congress Centre, o edifício Team Disney, na Flórida, e a Allianz Tower, em Milão.
Leia também: Grandes mulheres por trás dos empreendimentos da Laguna