Em 2025, o maior evento de celebração do design mundial foi realizado em abril, na Itália, mas seus impactos e reflexos serão comentados ao menos até o ano seguinte, quando uma nova edição da Semana de Design de Milão voltará novamente os olhos do mundo para a capital da Lombardia.
Palco principal para o lançamento de novos produtos e materiais, em especial os voltados ao mercado de interiores, a Semana de Design de Milão também é – cada vez mais – um festival de instalações que convocam seus visitantes a refletirem sobre as grandes temáticas do nosso tempo e a desfrutarem momentos de contemplação e inspiração em meio aos dias agitados e aos muitos quilômetros caminhados durante os sete dias de seu calendário oficial.
Em 2025, as instalações foram ainda mais surpreendentes e cativantes. Em comum, trouxeram o convite à pausa, à interação e à conexão em propostas megatecnológicas ou sensoriais, que nos fizeram olhar para atos rotineiros a partir de novas perspectivas. Confira cinco das mostras e instalações mais icônicas do evento!
“What Makes the Object”
Por mais um ano, a casa francesa Hermès ocupou a La Pelota, em Brera, para apresentar a sua coleção de móveis, tapetes e utensílios. Antes deles, no entanto, o que capturava a atenção era a expografia assinada por Charlotte Macaux Perelman, arquiteta e diretora criativa da marca. Extremamente minimalista, mas sem perder sua veia impactante, ela trazia formas geométricas brancas suspensas acima do piso igualmente branco, no interior das quais estavam “guardados” os lançamentos. Entre eles, luzes coloridas sutis quebravam a monotonia cromática e dialogavam com a coloração das peças, em um cenário poético que exaltava a forma e os materiais dos produtos.
“Source of Pleasure”
Os amantes de um bom café tiveram um endereço imperdível entre as dezenas de outros locais “tem que ver” da Semana de Design de Milão. A instalação “Source of Pleasure”, assinada pela brasileira Juliana Vasconcellos para a empresa italiana Lavazza, apresentava o novo lançamento da marca – uma cápsula feita 100% de café, que não gera resíduos, somente a borra. O ambiente remetia aos grãos a partir de diversos sentidos: desde a passarela revestida com o pó de café que levava à entrada as cores e aromas da bebida, o local era um convite à pausa e à imersão nesse universo.
“Making the Invisible Visible”
Os gadgets estavam lá, mas não foram os protagonistas da exposição apresentada pela Google no espaço Garage 21. O destaque foi dado para a luz e, mais do que isso, para a interação das pessoas com essa presença imaterial. A partir do trabalho desenvolvido pelo artista americano Lachlan Turczan, em coautoria com Ivy Ross, diretor de design do departamento de dispositivos de consumo da Google, ela ganhava vida ao ser “tocada”, respondendo aos movimentos e desenhando ondas a partir do estímulo dos visitantes. A proposta trazia uma reflexão sobre como os dados, algoritmos e outras ferramentas invisíveis moldam e afetam nosso dia a dia.
“All the Things we do in Bed”
Sabe tudo aquilo que fazemos na cama, do café da manhã à sessão de cinema – pelo que, por vezes, nos recriminamos? Pois bem, foi isso e muito mais o que a marca finlandesa Marimekko levou para a Semana de Design de Milão. A instalação lúdica, criada em parceria com a artista Laila Gohar, trazia uma enorme cama com enxoval colorido e listrado (por Maija Isola), na qual os visitantes eram convidados a deitar para relaxar, conversar e até tomar um café. Não havia quem resistisse ao chamado de se jogar sobre a cama e, claro, registrar o feito. Até uma escada estava à disposição para que os visitantes pudessem fotografar a “camona” e compartilhar a experiência.
“Library of Light”
Em ano da mostra bienal Euroluce, voltada ao setor de iluminação, o Salone del Mobile Milano levou para fora da Rho Fiera – ou seja, para fora do seu pavilhão expositivo – a mostra mais icônica da Semana de Design de Milão 2025. Batizada “Library of Light”, a instalação cinética trazia uma estrutura cilíndrica giratória formada por espelhos, luzes e um acervo de três mil livros, à disposição dos visitantes no pátio da Pinacoteca de Brera.
Não bastasse isso, frases dos principais autores da literatura mundial eram projetadas em faixas de LED e ouvidas na narração suave que ecoava a partir das caixas de som. A projeção da luz, seus efeitos de sombra e as mudanças de suas nuances conforme o horário do dia ou da noite era um espetáculo à parte.
