Quando entrou na Construtora Laguna para fazer um estágio em engenharia civil, Juliana Zandoná, 26 anos, encarou a oportunidade como uma missão. Com foco na carreira que sonhava construir, buscou aprender ao máximo e se dedicou para ser tão competente quanto os líderes que a inspiravam.
Eu não me enxergava apenas como estagiária, me via como futura engenheira, lembra.
A Laguna acompanhou de perto o empenho da jovem, chegando a dar apoio para que ela realizasse uma pós-graduação. Em dois anos, a Juliana foi efetivada e hoje ocupa um dos cargos de coordenação mais importantes da construtora. Ponto para a moça, que encontrou oportunidades de crescimento. Ponto para a empresa, que agora colhe os bons rendimentos de uma profissional bem formada.
Embora em muitas companhias o estagiário ainda seja colocado em segundo plano e receba funções simples e salários baixos, esta visão tem mudado em muitas organizações e uma nova perspectiva de valorização se reflete em aspectos que perpassam pontos como a atenção dada aos novos talentos, o preparo dos jovens, a remuneração e os benefícios. Uma pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (NUBE), por exemplo, mostrou que a média da bolsa oferecida aos estudantes chegou a crescer 12,8% em um ano.
Segundo o Estudo Bolsa Estágio, desenvolvido pela consultoria Carreira Muller, 35 % das empresas concedem plano médico integral a estes jovens e 50% delas corrigem anualmente o valor do pagamento com base em pesquisas de mercado.
Formação de líderes
Atenções assim ajudam grandes companhias a formarem bons quadros de lideranças. Um levantamento da consultoria Page Talent aponta que 73% dos profissionais em cargos de direção no mercado iniciaram suas carreiras como estagiários. Quase todos os consultados pela pesquisa (93%) afirmaram que a experiência adquirida no estágio foi fundamental para o desenvolvimento de suas carreiras.
O consultor da ESIC Business & Marketing School, Alexandre Weiler, avalia que a oferta de uma estrutura de crescimento e valorização do estagiário só rende bons frutos às organizações. Segundo o especialista, com políticas inteligentes é possível treinar gente com potencial e ainda reciclar a empresa com as novidades trazidas pela juventude.
Alexandre lembra que, embora ainda seja comum ver companhias utilizando o estágio como mão de obra barata e operacional sem que isso envolva um programa de retenção e preparo a longo prazo, a implantação de propostas para habilitar e reconhecer aprendizes tem sido comum e eficaz.
Costumo brincar que a empresa que utiliza seu estagiário como ‘escravagiário’ está perdendo tempo. Se ela não cuida bem dos seus talentos, o mercado se encarrega de levá-los embora.
Um dos exemplos de bons programas de estágio é a própria Laguna. Segundo a coordenadora de desenvolvimento de processos e pessoas, Gabrielle Garcia Balthazar, a construtora submete seus estagiários a treinamentos constantes, metas individuais e coletivas, sistemas de avaliação e oferece, além da bolsa-estágio, vale transporte, vale alimentação e um salário a mais no fim do ano. Desta forma, a empresa consegue reter a maior parte dos estudantes, como aconteceu com Juliana.
Desenvolvemos nossos talentos e não queremos perdê-los para outras empresas, salienta.
Fonte: Gazeta do Povo
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